País: Brasil
Ano: 2012
Comentário: Acredito que Luciano Nakata Albuquerque, músico paulistano, multi instrumentalista, tenha atingido, sob a alcunha de Curumin, o máximo de fama que um artista alternativo pode alcançar sem transpor a barreira polêmica que os separa do temido e desejado mainstream. No entanto, parece claro que essa transferência não foi realizada não por falta de oportunidade, mas sim por inexistência de interesse: Curumin, no posto em que está, vai muito bem, obrigado.
Com o lançamento de Achados e Perdidos, em 2005, a personalidade tranquila, desencanada, do cantor, sua mistura de estilos, essencialmente Samba, Jazz e Hip Hop, chamaram a atenção e criaram uma boa base para o lançamento de, quase três anos depois, o seu segundo disco, Japan Pop Show, que trouxe aquilo que lhe faltava para entrar, de vez, no gosto da plateia do underground: "aquela" música, que identifique o artista e que venha à cabeça logo que seu nome é citado: Magrela Fever.
Com mais quatro anos de distância entre seu último lançamento, nos deparamos agora com Arrocha, terceiro disco de um já consolidado e reconhecido artista, que trouxe para seu séquito fãs de renome, como Arnaldo Antunes, por exemplo. A obra demorou mais que o esperado, pois estava quase pronta quando Luciano descobriu que seria pai ("como não deu pra adiar o filho, adiamos o disco" - palavras do próprio). E logo no título sua maior característica é evidenciada: a inserção e misturança de elementos da música regional brasileira, de vários cantos do país, inclusive.
O experimentalismo no mix de estilos, aliás, sempre foi o traço mais forte do trabalho de Curumin. Em Arrocha, isso não é diferente, e, na verdade, é até mesmo mais acentuado que nos registros anteriores. A novidade fica por conta do mundo eletrônico, fonte da qual Curumin passou a beber sem vergonha alguma.
As letras, sempre com muitas gírias e palavras não muito convencionais, são outro aspecto diferenciado de seu trabalho. O seu estilo de canto, ainda, é bastante inequívoco. Arrastado e, por vezes, intencionalmente impreciso, pode até desagradar a alguns, com razão, mas por fim acaba sendo mais um diferencial no todo que forma a aura de artista completo e destacado que o circunda.
Pra mim, guardadas as devidas proporções, Arrocha é o Caravana Sereia Bloom masculino de 2012. A MPB alternativa tem muito o que crescer ainda, e boa parte desse crescimento se dará pelas mãos nipônico-paulistas e indígenas de Curumin. É o retrato da miscigenação em forma de música.
[ MySpace / LastFM ]
Tracklist:
- "Afoxoque" - 3:17
- "Selvage" - 3:22
- "Treme Terra" - 4:15
- "Passarinho" - 3:23
- "Paris Vila Matilde" - 2:12
- "Tupãzinho Guerreiro" - 2:21
- "Vestido de Prata" - 4:11
- "Doce" - 3:11
- "Blinblin (Intro)" - 0:14
- "Blinblin" - 1:54
- "Sapo Garimpeiro" - 1:19
- "Accorda" - 2:03
- "Pra Nunca Mais" - 2:31
- "Bambora" - 1:01
Download:
Bayfiles / Mediafire / Deposit Files
"Pra mim, guardadas as devidas proporções, Arrocha é o Caravana Sereia Bloom masculino de 2012." Pronto, já estou baixando. Adoro o Curumin, nem sabia que estava com álbum novo pra sair. Valeuzão!
É lindo demais esse álbum, muito obrigada \õ
Verdade, landrade. Se o disco do Lucas Santtana não fosse meio deprê, faria cia. aos dois.