País: Brasil
Ano: 1995
Comentário: "Dicró cantando bolero do compositor Ravel / Bezerra cantando ópera, parecendo um menestrel / e eu, Moreira da Silva, com a minha voz de veludo / chego a quebrar cristais quando dou o meu agudo". É nesse tom jocoso, como não poderia deixar de ser, que se inicia um disco que pode ser considerado um verdadeiro tratado em matéria de malandragem. Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró, três sambistas que possuíam extrema habilidade em retratar o cotidiano daqueles que escolheram a personalidade do malandro para se promover, lançaram, em 1995, o presente disco, satirizando Os Três Tenores, Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti, que se uniram na década de noventa.
É extremamente satisfatório ouvir cada uma das faixas, que geralmente contam uma história, algo corriqueiro no morro, constatando-se a habilidade desses compositores em transpassar sua própria vida às letras de seus sambas.
O que impera, aqui, é o politicamente incorreto: tirar vantagem dos outros, lei do morro, drogas, vadiagem, boêmia, mulherada e, até mesmo, assassinatos são temas abertos, tratados sempre com um quê de crítica social. É hilário, por exemplo, o esquete de O Político, que, ao não ser reeleito, começa a ameaçar seu suposto eleitorado, dizendo até mesmo que iria abrir uma CPI contra os eleitores corruptos. Ou então, a distorção de valores: em Na Subida do Morro, Moreira se indigna - e depois dá cabo dele - com um malandro que bateu em uma mulher. O problema, no entanto, não é ele ter agredido uma fêmea, mas sim ter batido numa mulher que não é a dele.
Polêmicas à parte, a construção do disco é genial, e a ambientação é feita de maneira maestral. Algo raro de se ver hoje em dia, em que o tal do politicamente incorreto é explorado de maneira forçada, para se atrair atenção a qualquer custo, quando falamos do mundo humorístico.
Há algum tempo eu não consultava a obra de nenhum desses três saudosos artistas, mas hoje o fiz por um motivo triste: o último dos malandros, Dicró, faleceu no Rio de Janeiro, aos sessenta e seis anos. Preste-se essa homenagem, mais que merecida. Se juntará agora aos outros dois, que já haviam partido.
UPDATE: descobri um outro fato que me fez admirar ainda mais a pessoa de Dicró. Durante sua carreira, travou uma verdadeira guerra contra o ECAD, o famigerado órgão de arrecadação e distribuição dos direitos autorais, dizendo que muito arrecadava, mas pouco ou nada distribuía. A noção de justiça estava sempre em sua mente. Que descanse em paz.
UPDATE: descobri um outro fato que me fez admirar ainda mais a pessoa de Dicró. Durante sua carreira, travou uma verdadeira guerra contra o ECAD, o famigerado órgão de arrecadação e distribuição dos direitos autorais, dizendo que muito arrecadava, mas pouco ou nada distribuía. A noção de justiça estava sempre em sua mente. Que descanse em paz.
Tracklist:
- "O Recital"
- "Os Três Pagodeiros do Rio"
- "Ópera do Morro"
- "Malandros In Concert"
- "Ressuscita Ele"
- "Chave de Cadeia"
- "Malandro Não Vacila"
- "O Político"
- "Na Subida do Morro"
- "Dava Dois"
- "Lugar Macabro"
- "Jogando com o Capeta"
- "Rua da Amargura"
Download:
Deposit Files / Mediafire
Que foda esses três juntos! Não conhecia esse álbum não. Valeu PH, mandou bem!
P.S.: Só poderia ter arrumado um site de armazenamento melhorzinho, mais amigavel, esse depositefiles é muito ruim.
Pronto, Násser!
Vlw fi! o/
Rulou demais. E eu curto do depositfiles, especialmente por que as coisas nele duram séculos.
ahaha
Esse disco é muito bom
Parodia perfeita dos 3 tenores
muito bom
TA FALTANDO NO PIGNES BEZERRA DA SILVA!!!!!