quarta-feira, 12 de setembro de 2012
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Impuro - Volume 1, 2012

3 comentários
Gênero: Hip Hop / Rap
País: Brasil
Ano: 2012

Comentário: Já vem ficando meio batido o discurso de que o Hip Hop se distanciou - e muito - da essência que alavancou o seu início. Confesso que, se você navegar por algumas resenhas minhas sobre álbuns de rap, vai achar textos, de certa forma, revoltados contra a banalização das rimas nesse nicho. Correndo o risco de ser redundante, resumo a minha posição: o Gangsta Rap de 2Pac, Bigga e Ice-T, foi, pouco a pouco, sendo deturpado. As temáticas da violência como retrato foram virando tiros gratuitos com orgulho, ostentação, pura e simples, de riquezas gastas em inutilidades, além de muita adoração à erva. Gucci Mane, Wacka Floka Flame e o próprio Wiz Khalifa, com raras ressalvas, ajudaram a enfiar goela abaixo o estilo Bling Bling de ser.
No entanto, há que se seguir o velho provérbio: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não se pode achar que Hip Hop é só aquilo que retrata as mazelas sociais, só e somente só a raiva contra o sistema e a descrição da condição de pobreza. Há inúmeras possibilidades de se fazer um rap de qualidade, sem que se caia no campo insípido da futilidade. E fúteis não são as rimas inscritas em Volume 1, 2012 do rapper Impuro, radicado em Jundiaí, interior de São Paulo.
Seu EP de estreia traz faixas acerca da dificuldade de ser um artista independente, sobre as diversões corriqueiras dos finais de semana, ou, ainda, um tema que, particularmente, muito me agrada: o significado da música para o compositor, como ela o move e o isola do resto do mundo - como na faixa Fone e Moletom, melhor do registro.
Outro traço marcante de suas letras são as referências: encontramos menções a Francis Ford Coppola, X-Men, Naruto (tem uma faixa dedicada somente a ele, inclusive), Clint Eastwood, Toninho do Diabo - outro talento advindo da Terra da Uva, aliás - e, até mesmo, a banda colorida Restart. Toda essa variação dá um tom diferenciado ao seu som, no geral.
A produção é muito boa, num estilo que lembra Kanye West em Graduation, mutatis mutandis, obviamente. Seu flow é bem pragmático - não que isso seja ruim, longe disso: traz um ar de celeridade que contribui bastante para o agradável resultado final. Confesso que me vão melhor as faixas em que o tom de sua voz não alcança frequências muito altas, mas que isso é uma posição pessoal e que, de forma alguma, traz alguma mácula ao registro como um todo.
Em resumo, dentre a nova safra, podemos dizer que Impuro está acima da média de muitos outros companheiros de gênero, por ter feito as escolhas certas, como diz na faixa de abertura, acerca da temática, por não ter se enveredado pelos ditames vazios que têm conquistado o mercado. Com a divulgação certa, um amadurecimento natural durante a caminhada e as consequentes melhoras em seu próximo registro, certamente tem potencial para alçar voos maiores. Fica a torcida.


Tracklist:
  1. "Escolha Certa" - 03:13
  2. "Carta às Crianças" - 03:46
  3. "Fone e Moletom" - 04:15
  4. "Uzumaki Naruto" - 02:36   
  5. "O Preço" - 03:41
  6. "Deus nos Acuda" - 02:33
  7. "Fun! Fun! Fun!" - 03:01
  8. "Cão que Ladra não Morde" - 02:51
  9. "Anti-Credo" - 03:21
  10. "Impuro" - 03:34



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3 Responses so far.

  1. Cara, faço das tuas palavras a minhas quanto ao Gangsta Rap. E mais um daqui de Jundiaí, olha aí...

  2. Puta sonzão essa Fone e Moletom. Não sei bem o que, mas achei o álbum bem parecido com a primeira mixtape do Projota, Carta Aos Meus.

  3. foda mesmo! produto nacional de qualidade!

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