Uma coisa posso adiantar, os deuses das barbas, cervejas e rock’n roll ficaram satisfeitos nesse dia.
A noite de sábado pós-feriadão de Independência foi bem interessante para os paulistanos fãs de metal em suas diversas vertentes. Foram quatro eventos em locais diferentes, com bandas bem representativas para seus nichos. Para os nostálgicos fãs de New Metal havia o Coal Chamber se apresentando no Cine Joia, para os mais modernos havia o Trivium, um dos grandes nomes da bizarra denominação “New wave of american heavy metal” no Via Marques. Os mais puristas e brutais se deleitavam com mais uma edição do já tradicional Setembro Negro, composto pelas bandas norueguesas de Black Metal, Keep of Kalessin e Gorgoroth, além das lendas do Death Metal americano, Autopsy. Porém, um show que conseguiu chamar muita atenção em todo esse meio fora o Red Fang na Inferno Club, mostrando que de fato a banda é uma das maiores revelações do Heavy Metal nos últimos tempos.
As portas foram abertas com 1 hora de atraso, por volta das 19h, e nesse meio tempo já havia uma aglomeração enorme, duas filas bem grandes vinham em direções opostas para entrar no club. Devo dizer que aparentemente o ingresso de entrada não era aquele papelzinho comum, e sim ostentar uma barba gigante, juro que na minha vida nunca vi uma concentração tão grande de lenhadores, caminhoneiros e vikings por metro quadrado, um ode a virilidade.
Cerca de 20 minutos separaram o final do show da Grindhouse do início do Red Fang, os próprios músicos fizeram os preparativos finais de afinação dos instrumentos, enquanto trocavam algumas palavras com aqueles posicionados na beira do palco. Logo nos primeiros acordes o lugar veio abaixo com todos pulando e já entoando as canções como se fossem verdadeiros clássicos do rock. Infelizmente nas duas primeiras musicas o som estava bem ruim, microfones baixos ou que não funcionavam, bateria alta demais, tudo muito embolado, tanto que resolvi sair da frente do palco e ir um pouco para trás, no meio do moshpit ver se o som saía menos abafado. Foi entre a terceira e quarta música que o som começou a se estabilizar e o show a ficar verdadeiramente bom. O setlist foi exatamente o mesmo que a banda vem tocando na turnê, 13 músicas, pouco mais de uma hora, mas mesmo assim satisfatório. Entre uma porrada e outra, uma pausa para algumas piadinhas, “obrigado”, “vocês são fodas”, e vários agradecimentos demonstravam que os
caras realmente estavam curtindo a vibe do show, mesmo depois de uma apresentação pra um publico enorme no Porão do Rock na noite anterior, a Inferno que estava realmente um inferno de tanta gente e tanto calor, só faltava sair vapor do chão. O primeiro momento verdadeiramente épico veio com Wires, a mais famosa do grupo graças ao hilário clip, a pista inteira se tornou um único moshpit, era neguinho voando pra todo lado, stage dives, crowdsurfing, um verdadeiro caos, pura diversão para aquele monte de marmanjos barbados que compunham a plateia. Momentos semelhantes aconteceram outras vezes durante o show que não decaiu em momento algum, foi puro heavy metal, stoner rock, chame como quiser, foi pesado e divertido como deve ser.
Infelizmente fui obrigado a abortar a ultima música pela metade, Throw Up. Eu que tenho uma resistência meio baixa a lugares muito quentes e tenho um histórico de desmaio em shows (viadinho, eu sei), percebi que a minha pressão estava indo lá pro pé, e fui obrigado a sair do lugar (sim, tive que ir pra rua mesmo, já que não tinha um espaço sequer que não estivesse cheio de gente) para me recompor.
Devo dizer que foi um show aquém das minhas expectativas, boto fé que o Red Fang ainda vai crescer muito e me orgulharei por ter visto um show dos caras num lugar intimista, cheio e com uma energia incrível.
Literalmente porco na cena