No mundo do Hip Hop, é bastante comum a política de participações. Acredito, inclusive, que é impossível você achar um álbum sequer desse gênero que não conste de seu tracklist pelo menos uma faixa com um featuring. É como se fosse uma mão lavando a outra: um rapper lança um disco e convida outros rappers para participar de algumas das faixas. Quando esses rappers convidados lançarem um álbum, quem era anfitrião vira visota na lista das músicas.
No entanto, não é deste tipo de participação que essa playlist tratará. Aqui abordaremos
participações nada usuais no mundo do Hip Hop. Pessoas que pouca ou nenhuma afinidade tinham com o gênero, até serem convidadas por algum MC a soltar a voz em uma faixa. Gente do Rock, do Folk, do Indie e até mesmo gente que nem músico é. Saca só.
#01
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Big Boi - Shoes for Running ft. B.o.B. and Wavves |
O recentíssimo
Vicious Lies and Dangerous Rumors, segundo disco da carreira solo do grande
Big Boi, trouxe com ele a excelente
Shoes for Running, em parceira com B.o.B. e o grupo
Wavves. Aquele já é figurinha carimbada nos discos de Hip Hop, já que pratica o gênero. Estes, no entanto, supreenderam. A banda de Noise e Surf Rock dá um toque bem melódico à faixa, com um resultado bem interessante. Vale ressaltar que Nathan Willians, vocalista do grupo, também participou da composição e produção da faixa.
#02
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Astronautalis - Contrails ft. Tegan Quin |
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O excelente
This Is Our Science, de 2011, colocou
Astronautalis em lugar destacado na cena do Hip Hop alternativo. Dentre as faixas do disco, encontramos a agradável
Contrails, na qual o rapper faz dueto com
Tegan Quin, que faz dupla com sua irmã - Tegan and Sara. O toque do Indie Pop que costuma propagar está no refrão da faixa, cantado docemente pela artista canadense.
#03
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Gym Class Heroes - Cupid's Chokehold ft. Patrick Stump |
Esta é, certamente, a música mais conhecida dessa playlist. Com três álbuns anteriores, foi em 2004 que o grupo novaiorquino
Gym Class Heroes conseguiu chegar ao estrelato, com o disco
The Papercut Chronicles, mais especificamente com a faixa
Cupid's Chokehold. A participação de
Patrick Stump com certeza alavancou a canção nas paradas, já que, à época, seu Fall Out Boy, banda de pop punk, também estava bastante em evidência. Essa foi a primeira de várias colaborações entre o grupo e o vocalista, que também ajudou na carreira solo do frontman do coletivo, Travie McCoy.
#04
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Jay-Z - Beach Chair ft. Chris Martin |
A calmaria do Coldplay, de
Chris Martin, nada tem a ver com o Hip Hop. No entanto, o cantor se aventurou no gênero em 2006, quando participou do álbum
Kingdom Come, de
Jay-Z, não só cantando o refrão de
Beach Chair como também assinando a produção da faixa. O britânico parece ter gostado da experiência já que, no ano seguinte, ajudou a conceber a faixa
Homecoming, um dos maiores sucessos de Kanye West.
#05
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Kid Cudi - MANIAC ft. Cage and St. Vincent |
Em seu segundo disco,
Man on the Moon II: The Legend of Mr. Rager,
Kid Cudi fez uma espécie de disco conceito, dividido emcinco atos, pelos quais o rapper explicava melhor suas próprias características aos seus fãs. No quarto ato, denominado
The Transformation, a faixa de abertura é
MANIAC, que conta com a participação do rapper alternativo Cage e, além disso, a surpreedente colaboração de
St. Vincent, projeto de folk experimental da cantora Annie Clark.
#06
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Snoop Dogg - Superman ft. Willie Nelson |
Quando
Snoop Dogg lançou
Doggumentary, álbum de 2011, sua intenção era, em cada uma das faixas, chamar um convidado especial para, com ele, desenvolver a canção. A mais surpreendente delas foi feita ao lado de ninguém menos que
Willie Nelson, o rosto da música country americana, uma verdadeira lenda da história da música. O assunto da composição não poderia ser melhor:
Superman é praticamente autobiográfica para os dois, já que trata de pessoas se dando conta de que o corpo humano não vai aguentar tanto álcool e maconha, já que eles não são super heróis, mas sim meros mortais.
#07
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Jay-Z - Glory ft. B.I.C. |
Mais uma vez Jay-Z aparece nessa lista, e agora com uma das participações menos usuais da história da música.
Glory é uma faixa carregada de sentimento, sobre o nascimento de sua primeira filha,
Blue Ivy Carter. A canção inicia com a gravação dos primeiros batimentos cardíacos da menina, e termina com o seu choro ao nascer. Creditando-a como B.I.C. e, portanto, fazendo-a ser uma artista que colaborou para a faixa, Blue ostenta o recorde de mais jovem "artista" a ter alcançado o Billboard Chart, já que tinha apenas dias de vida quando isso ocorreu.
#08
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Common - Drivin' Me Wild ft. Lily Allen |
Do álbum
Finding Forever, de 2007, o consagrado rapper
Common nos dá
Drivin' Me Wild, faixa produzida por Kanye West e que conta com a participação de Lily Allen, cantora pop inglesa cujo estilo politicamente incorreto se coaduna com o clima da faixa. A participação foi utilizada como um chamariz para novos públicos, o que acanou dando certo, já que figurou por algum tempo no UK Singles Chart.
#09
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Cunninlynguists - Darkness (Dream On) ft. Anna Wise |
Sonnymoon é um duo de música eletrônica experimental, cujas faixas lisérgicas chamaram a atenção do lendário grupo de Hip Hop
Cunninlynguists, que chamaram
Anna Wise, membro da dupla, para participar de algumas faixas do excelente Oneirology, de 2011. Dentre elas está
Darkness (Dream On), em que a voz suave de Wise contrasta perfeitamente com a truculência dos americanos. Parece que a cantora tomou gosto pelo gênero, já que, recentemente, também participou de um trabalho de Kendrick Lamar.
#10
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Nas - Cherry Wine ft. Amy Winehouse |
Pouco antes de sua morte,
Amy Winehouse se aproximou bastante do rapper
Nas - na foto, por exemplo, ambos estão saindo bêbados de uma boate, onde comemoravam o aniversário de Damian Marley. Essa proximidade fez com que Nas a classificasse como "one of a kind" em entrevistas acerca de sua morte. Antes da partida, entretanto, Nas havia grava uma participação para o próximo disco de Amy, e assim ela também o fez. Em Life Is Good, desse ano, encontramos
Cherry Wine, faixa bastante aparazível e uma das melhores do aclamado disco.
#11
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Kanye West - Lost in the World ft. Bon Iver |
O aclamadíssimo
My Beautiful Dark Twisted Fantasy, de 2010, fez com que
Kanye West galgasse outro patamar em sua carreira. Um dos highlits do disco é a participação de
Bon Iver, cantor que inovou completamente o folk e o uso do autotunes.
Lost in the World é uma faixa de beleza ímpar no mundo do Hip Hop.
#12
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Das Racist - Punjabi Song ft. Bikram Singh |
O rapaz acima, com pinta de quem financiou um book em quatro parcelas, é
Bikram Singh, novaiorquino de origem indiana que, além de ser homônimo do Chefe das Forças Armadas da Índia, é um dos grandes expoentes do chamado Bhangra, um estilo musical proveniente de Punjabi, estado da Índia. E é esse peculiar ritmo que ele traz à faixa
Punjabi Song, do coletivo
Das Racist, retirado da mixtape
Relax.
#13
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The Notorious B.I.G. - Wake Up (ft. Korn) |
Em 2005, o selo Bad Boy Records decidiu aproveitar o apelo ainda grande de
The Notorious B.I.G. no mundo do hip hop, mesmo passados oito anos de sua morte. O álbum
Duets: The Final Chapter reuniu alguns materiais não lançados pelo astro, bem como rimas advindas de bootlegs e outros registros não oficiais, e ainda trechos de faixas de sua discografia, para combiná-los com gravações novas de diversos artistas. Dentre elas figura
Wake Up, faixa que o
Korn participa, fugindo bastante de seu estilo. Jonatham Davis, vocalista da banda, que também produziu a faixa, canta o refrão quase como uma rtista do R&B. Material raro e bem itneressante.
#14
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Brother Ali - Letter to My Countrymen ft. Dr. Cornel West |
Pra quem não conhece,
Brother Ali é um rapper que foge a todos os estereótipos do gênero. Não só pelo seu visual - é obeso, albino e nada extravagante na escolha da indumentária - mas também pela voz suave que aplica em suas rimas. Sua temática é basicamente de críticas políticas, o que fica notabilizado em sua faixa mais conhecida,
Uncle Sam Godamn. Depois de um certo hiato, lançou, no ano passado, o álbum
Mourning In America and Dreaming In Color, que, segundo o próprio artista, foi em muito inspirado pela leitura de um livro do
Dr. Cornel West, um filósofo, ativista de direitos humanos e professor universitário que se notabilizou pelos belíssimos livros acerca do estudo das raças e classes sociais nos Estados Unidos. E qual não foi a alegria do rapper quando o intelectual aceitou participar de
Letter to My Countrymen, constante desse álbum. A canção traz uma crítica esperançosa, no sentido de que há algo errado, mas que com vontade podemos mudar.
#15
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B.o.B. - Bombs Away ft. Morgan Freeman |
As the war between light and darkness continues, heroes and villains become harder to identify. Com essa frase de efeito, se inicia a faixa
Bombs Away, constante de
Strange Clouds, último disco de
B.o.B., que tenta a todo custo mostrar que não é apenas mais um Flo-Rida. Para isso, apelou. Para aquela primeira frase, e algumas outras ao longo da canção, chamou ninguém menos que
Morgan Freeman, para uma narração poderosa. O resultado é bem agradável.
#BONUS TRACK
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Kamau - Lágrimas do Palhaço (part. Tulipa Ruiz) |
Com a postagem já no ar, o companheiro
Damião me alertou de uma falha grave: não havia nenhuma faixa nacional. Nosso Hip Hop é rico o bastante para abarcar qualquer situação afeita ao gênero, e quanto às participações não usuais isso não é diferente. A primeira que me veio à mente é recente: no ano passado,
Kamau, um dos grandes nomes da geração recente, lançou o EP
Entre, do qual consta a faixa
Lágrimas do Palhaço, que é excelente por três grandes trunfos. O primeiro é a letra acurada, carregada de sentimentalismo. O segundo é o sample de
Jesus Chorou, clássico dos Racionais MC's. O terceiro, objeto dessa postagem, é o refrão cantado por
Tulipa Ruiz, um dos maiores nomes femininos da nova MPB.
Muito bom, Ph. Isso me lembrou do Michael Jackson, eu tinha uma coletânia basicamente de featurings dele/com ele (acho que daria um cd triplo tranquilo). Rolava até um Michael Jackson feat. Eddie Murphy.
Não sei se ouvi tudo, mas sem dúvidas a mais marcante foi a parceria entre o rei do pop e o Freddie Mercury.
Legal ter fugido dos clichezões Run-DMC/Aerosmith e Anthrax/Public Enemy, embora Anthrax seja de fato uma banda contaminada pelo rap.
E não rolou nada nacional? Não é apontando falhas, mas eu realmente ficquei curioso... tenho a impressão de ter rolado coisas do tipo e com um resultado bem decente brazuca, só não lembro quais.
Po, de fato, my bad. Vou fazer um update com uma faixa nacional, tenho uma recente na cabeça.
Feito!
Willie Nelson e Snoop Dogg tão quase criando sua própria dupla de sertanejo universitário inlcusive. Essa que você colou já foi a 2a (ou 3a) e eles lançaram mais uma recentemente hauhauha
Pow Ph, foi só um comentário, espero que vc tenha reeditado o post por pura vontade, e não por "pressão", hehe pq não foi a intenção.
Enfim, não havia ouvido essa do Kamau!