segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
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Secos & Molhados - Secos & Molhados I

9 comentários
Gênero: Glam Rock / MPB / Folk
País: Brasil
Ano: 1973

Comentário: É com imenso prazer que lhes trago o primeiro marco histórico do rock nacional. Em 1970, João Ricardo passou em frente a uma mercearia em Ubatuba e havia uma placa escrita "Secos e Molhados",  e a partir dai, criou o nome do grupo, que em sua concepção tinha a idéia de  "um nome que não determina coisa alguma, que se abre para todos os gêneros". Ele se juntou a Fred e Pitoco como um grupo vocal. Após algumas apresentações e com certa fama no meio mais cult de São Paulo, Fred e Pitoco resolveram seguir seus próprios caminhos e deixaram o grupo. Foi então que Luhli, uma adimiradora do conjunto e parceira de João, indicou Ney Matogrosso, que era artista plástico e ator no rio de janeiro, e tinha uma voz perfeita para o que o grupo procurava, fazendo que Ney se mudasse para a terra da garoa, e junto com Gerson Conrad, vizinho de João Ricardo que juntou-se a eles, e construiram a formação clássica dessa banda reverenciada até hoje.

Secos e Molhados é um grupo conhecido pela postura inédita e muito a frente da sua época nos palcos, juntando maquiagens, figurinos estravagantes, danças sensuais, androgenia e músicas que vão do folclore a poesias de gênios como Vinicius de Morais e Manuel Bandeira. Algumas fontes relacionam o uso das máscaras, pelo anonimato, pois em plena ditadura militar que em 1963, o governo federal havia baixado o decreto-lei número 314, subordinando a lei de imprensa, que no Brasil abrangia o rádio, a televisão e as agências de informação, à Nova Lei de Segurança Nacional. Em 13 de dezembro de 1968, o governo baixou o Ato Institucional numero 5(A.I.5) que instituiu a censura no Brasil. Tal ato  regularizou a "suspensão de liberdade de reunião, associação, censura de correspondência, da imprensa, das telecomunicações e diversões públicas", e causou a perseguição e a tortura de vários artistas da época, mas eu creio que o uso de maquiagens vai muito além disso, sendo um dos motivos óbvios, a parte teatral e espetacular que a banda buscava na época.

Para gravar esse LP, a banda mandou uma demo para várias gravadoras, e a Continental apostou no conjunto, mas com uma verba reduzida, o disco foi  gravado de forma precária em apenas 4 canais. Entre vários fatos curiosos que permeiam a história desse conjunto, esta relacionada a capa. Antonio Carlos Rodrigues, fotógrafo do jornal Última Hora, havia fotografado sua esposa na capa de uma revista, com a cabeça em uma bandeja. João Apolinário, pai de João Ricardo e um dos compositores do grupo, o convidou para fazer a capa. Na capa haviam vários alimentos dos gêneros seco e molhado, além da cabeça dos 3 integrantes, mais a do baterista Marcelo Frias, que fora o único músico de apoio (todos que participaram  da gravação do disco foram convidados para entrar para banda, mas nenhum aceitou) que aceitara entrar para o conjunto, mas desistiu após as fotos da capa, ficando apenas como músico contratado. Essa capa foi escolhida pela Folha de São Paulo como a melhor capa de um disco nacional de todos os tempos, além de integrar várias exposições que trazem as mais importantes artes do mundo da música.

Repleta de clássicos como "Vira", "Rosa de Hiroshima" e "Sangue Latino", esse álbum traz um som raivoso, com letras com teor político, crítico, cultural e social, e é atual até nos dias de hoje, e foi um marco na história da industria fonográfica. Se tratando de um LP de Glam Rock, que passa da Bossa Nova a Tropicália, teve uma vendagem de 300 mil cópias em 2 semanas, alcançando 1 milhão em pouco tempo,  numa época em que 30 mil cópias era o suficiente para ser considerado um sucesso. Segundo Matogrosso, a gravadora achou que venderia 1.500 cópias em um ano. Vendeu em uma semana. Como o mercado vivia uma crise de vinil, a gravadora começou a pegar os discos que não estavam vendendo e derreter para fazer o deles. Mas o que é bom dura pouco, a banda se dissolveu em alguns anos, deixando esse trabalho como sendo o maior legado da história do rock nacional.

Apesar de uma produção bem baixa, o disco foi um divisor de águas da história musical tupiniquim, é um extremo clássico, onde trás toda a maturidade, genialidade e perfeição de um trio que mudou o que se sabe de música hoje em dia. Sem exageros, um aula de cultura, politica, que é lembrado por quem conhece música. Indispensável para se conhecer o disco que se confunde com a própria história da música nacional, obrigatório.

Ps.: Não tem como falar de secos e molhados e não falar de Kiss, e toda lenda urbana que envolve essas 2 bandas. Sempre que questionado sobre o assunto, Ney Matogrosso diz que a banda americana adotou o visual das máscaras após terem visto um show deles no méxico, e o vocalista brasileiro até teria negado um convite para integrar o conjunto americano. Os membros do Kiss sabem dessa história e negam veementemente, dizendo ser uma ilusão megalomaniaca dos brasileiros. Mesmo sendo muito pouco provável essa história, já que se tem documentados apresentações do kiss, já com a maquiagem, em datas anteriores ao tal show do méxico, seria algo espetacular se realmente fosse verdade, pena que não se passe apenas e somente de  especulações.

LastFM / Myspace


Tracklist:
1.Sangue Latino - 2:07
2.O Vira - 2:12

3.O Patrão Nosso de Cada Dia - 3:19
4.Amor - 2:14
5.Primavera nos Dentes - 4:50
6.Assim Assado - 2:58
7.Mulher Barriguda - 2:35
8.El Rey - 0:58
9.Rosa de Hiroshima - 2:00
10.Prece Cósmica - 1:57
11.Rondó do Capitão - 1:01
12.As Andorinhas - 0:58
13.Fala - 3:13

Download:
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9 Responses so far.

  1. Áquila says:

    Mandou ver! Esse álbum detona!

  2. Rodrigo says:

    Não foi Ney Matogrosso quem deu início a essa questão S&M versus Kiss. Quem levantou essa lebre foi o músico Zé Rodrix, que sempre garantiu que recebeu em sua casa, então no Rio, dois integrantes da banda americana, em 1973, qdo os Secos faziam suas primeiras apresentações. Rodrix dizia que os dois músicos (chamavam-se Gene e Paul) ficaram fascinados c/ o visual inusitado da banda e saíram do Brasil levando um farto material sobre o S&M. Existe na net, inclusive, um vídeo em que Zé Rodrix concede uma entrevista a Charles Gavin, dos Titãs, em que ele fala exatamente sobre o assunto, que, se vc pesquisasse melhor, já poderia ter visto. E, francamente... Quanto ao Kiss negar veementemente... é claro que eles negariam, né?!

  3. Querido hater, nada a ver esse lance de "Quem levantou essa lebre foi o músico Zé Rodrix, que sempre garantiu que recebeu em sua casa, então no Rio, dois integrantes da banda americana, em 1973, qdo os Secos faziam suas primeiras apresentações. Rodrix dizia que os dois músicos (chamavam-se Gene e Paul) ficaram fascinados c/ o visual inusitado da banda e saíram do Brasil levando um farto material sobre o S&M"

    o lance rolou no méxico, kiss só veio ao brasil em 1983!!

    http://emiliopacheco.blogspot.com.br/2006/03/secos-molhados-e-kiss-fim-de-polmica.html

    ve o blog do pacheco ai

  4. "Existe também o depoimento de Zé Rodrix, que diz que Gene Simmons e Paul Stanley teriam estado em sua casa em 1973 levados pelo bailarino Lennie Dale. Rodrix, que tocou no primeiro LP dos Secos, teria mostrado a capa do disco "em primeira mão" para ambos. Embora o músico brasileiro esteja convicto de que foram realmente os integrantes do Kiss que o visitaram, ele admite nunca ter confirmado a identidade dos americanos que acompanhavam Dale. E quem conhece a história do Kiss sabe que nenhum deles veio ao Brasil nos anos 70, antes ou depois da fama. Além disso, se Gene e Paul fossem mesmo amigos de Lennie Dale, seria mais fácil que tivessem se inspirado nos Dzi Croquettes, que o dançarino dirigia."



    acho q vc deveria pesquisar melhor, e ler as resenhas melhor tbm ;)

  5. Detalhe, eu não disse que "Ney Matogrosso levantou a lebre, ou começou a polêmica, ou inventou isso", soh disse o que ele responde qnd indagado!!
    Sem mais

  6. "mandou ver", "detona", não precisa usar o mesmo linguajar da época do álbum pra comentar, Áquila huehuehue

  7. bom disco. a música amor melhor linha de baixo haha

  8. Forbidden says:

    É incrível como todo mundo que quer apontar algum erro nas nossas resenhas aproveita pra tentar aparecer. Já tive essa idade.

  9. Anônimo says:

    Todos os links estão off :/

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