O line-up do festival teve nomes como Red Fang, pela primeira vez no país, Trivium, que dividia o posto de headliner do dia 7, Vanguart, Daniel Belleza & Os Corações em Fúria, Autoramas com participação de BNegão, fazendo um show nostálgico e recheado de hits, Claustrofobia, que agitou o ginásio Nilson Nelson com seu thrash metal. Passaram também pelos três palcos, o stoner rock pioneiro do Kyuss Lives!, o britpop de Gaz Coombes, ex Supergrass, Sepultura que retornou ao país após turnê pela europa e lançou seu mais recente disco, o Kairos. Karina Buhr com toda a sua performance e teatralidade também abrilhantou a edição, junto com Vivendo do Ócio com seu indie baiano, e diversas outras atrações que agradaram um público variado que se encontrava na arena.
A sexta-feira começou regada a thrash metal, com os paulistas do Claustrofobia, que fazia sua primeira apresentação no festival. Lançando o último e quinto álbum do grupo, Peste, a banda agradou os headbangers enfurecidos. Riffs pesados e bateria frenética fizeram a alegria dos cabeludos em um ginásio que já pipocava de gente.
Marcus D'Angelo (Claustrofobia) |
Após o mimimi folk, foi a vez dos já carimbados (no festival) Autoramas fazerem um show no mínimo diferente. O trio contou com a participação de BNegão e fizeram um show com animação de sobra e clássicos mundiais da música. No set list, canções do Planet Hemp, uma espécie de homenagem feita por Bnegão e Bacalhau, antigo baterista do grupo, hoje no Autoramas, como "Queimando Tudo" e "Dig, Dig, Dig". Além disso, passearam por canções como "Robot Rock" do Daft Punk, "Wild Side" de Lou Reed, "Private Idaho" do B'52, "Let's Groove" do Earth Wind and Fire e ainda "Seek and Destroy" do Metallica. Disposição e irreverência não faltaram.
(Outra atração de peso e inédita no país, Trivium, não pôde ser vista por esse que vos escreve, uma vez que eu fazia parte da equipe de cobertura online do festival, o que incluía confronto de horários e etc.)
Raimundos que dividia - ou tentava - bater o Trivium como um dos Headliners da noite, fez um show pra fãs. Muitos, por sinal. A banda tocou na íntegra o álbum Lavô tá Novo de 1995, clássico da banda, em épocas de Rodolfo. Outra surpresa foram as participações de Cipriano, rapper brasiliense e jogador de basquete no time Universo/Brasília, Alf, vocalista do extinto Rumbora e Fred, antigo baterista da banda. Foi um bom show para uma banda que inegavelmente vive de passado.
Fechando a programação da primeira noite do festival, os tão aguardados americanos do Red Fang subiram ao palco, por volta das 03 da matina de sábado. Com pouca interação, mas com peso de sobra, os caras mostraram o por que de serem uma das bandas mais badaladas que surgiram nos últimos anos. Banda recente, dois discos lançados e uma vertente stoner agregada a um heavy metal delirante.
Presença de palco, talento, virtuosismo e muita, mas muita agressividade marcaram a passagem da banda por Brasília e pelo festival. Confesso que pensei que o show não seria tão bom, pois acreditava que pouca gente conhecia a banda em Brasília, mas para surpresa geral, a banda tem sim, alguns muitos seguidores na cidade, isso sem contar as pessoas que vieram de outros estados, que fizeram com que o grupo se apresentasse com total liberdade e com muita vontade. Foi um set com 14 músicas, mas que mesmo assim, deixou algumas pedras de fora, como "Whales e Leeches" que eu esperei ansiosamente em vão. Mas sucessos como "Prehistoric Dog", "Hank is Dead" e "Sharks" fizeram com que cabeças balançassem e vozes fossem perdidas.
(Red Fang)
Bullas Attekita (Girlie Hell) |
Karina Buhr e sua super banda também compuseram o variado line-up e levou a sua MPB contemporânea a um público fiel. Todas as canções cantadas em uma só voz, acompanhada pelos riffs de Edgar Scandurra e Fernando Catatau, que ainda contavam com o apoio de Guizado no trompete. É sempre um prazer ouvir o som de Karina ao vivo, seja pela interação banda- público, seja pela qualidade sonora que é de causar certo hipnotismo.
(Karina Buhr)
Voltando ao metal e suas vertentes, o Sepultura agitou o interior do ginásio Nilson Nelson com 18 músicas que deixaram camisas pretas molhadas de suor. Pela quarta vez no festival, a banda chegava com o lançamento do último disco, Kairos, e com a estreia em Brasília do baterista Eloy Casagrande (ex Glória) que incendiou o público com suas baquetadas raivosas.
Com apenas três músicas do novo álbum, a banda fez uma espécie de revival dos tempos brilhantes da banda, Max Cavalera ainda no vocal. Músicas dos álbuns Beneath of Remains (1989), Arise (1991) e Chaos AD (1993) foram entoadas por uma única voz e guitarradas sem fim sob a mão de Andreas Kisser que a todo momento agradecia a receptividade da feroz plateia. Uma sacada legal foi a de colocar capas dos respectivos discos a cada música tocada. Um show visual.
Com 18 músicas e mais de uma hora e meia de show, um dos maiores ícones do metal mundial cantou sucessos como "Territory", "Arise", "Altered State", "Refuse/Resist" e "Roots Bloody Roots" e fizeram um ginásio inteiro entre pista e arquibancada, se renderem aos seus pés.
Derrick Green (Sepultura)
A atração internacional Gaz Coombes, ex Supergrass também levou o indie ao PDR Festival. Com atraso de aproximadamente 30 minutos, o inglês subiu ao palco carregando seu violão, acompanhado do baterista Loz Colbert (que se assemelhava muito a Paul Banks, detalhe inútil) e do baixista e irmão Charly Coombes.
Indie melancólico carregado de batidinhas eletrônicas, levaram Gaz a fazer um dos shows mais intimistas e bonitos do festival. Com iluminação caprichada, o multi instrumentista cantou sucessos de sua carreira solo e ainda um cover de Gang of Four com "Damage Goods".
Gaz Coombes |
Com sucessos carregados como "Green Machine", "Gardenia" e "El Rodeo", foi algo semelhante a um sonho poder ver e ouvir tais músicas sendo tocadas ali, na minha frente. Algo que com certeza ficará marcado.
Garcia mostrou que sua voz é resistente ao tempo e cantou com o mesmo vigor que víamos em épocas de ouro da banda. Mesmo sem Josh e Olivieri que tocava baixo e ainda com o nome da banda alterado por problemas internos e pessooais, o quarteto mostrou que se depender da vontade e do talento, o stoner rock pioneiro do Kyuss ou Kyuss Lives! ainda vai perdurar por muito tempo. E que assim seja.
Crédito(s) foto(s): Equipe PDR Festival
Excelente resenha, parabéns. Lamento não ter estado presente no Kyuss intesamente :/