Federico Puppi
Depois de anos
de espera, amadurecimento, esquecimento e descobertas, nasce o meu primeiro
disco autoral e inédito”. É assim que o violoncelista e compositor italiano
Federico Puppi anuncia “O Canto da Madeira” (independente, financiado via
crowdfunding), instrumental de verve pop. O álbum pode ser baixado
gratuitamente no site oficial do músico (www.federicopuppi.com)
e está disponível para audição nas plataformas digitais. A cantora e
compositora Maria Gadú participa de duas faixas.
Disco e apresentações são fruto de uma
mistura sonora vibrante e contemporânea: um violoncelo alemão de 150 anos +
melodias pop + ritmos brasileiros + flertes com o rock, o jazz e o eletrônico.
Ao todo, o disco traz 10 canções instrumentais, cantadas pelas cordas graves do
violoncelo no lugar tradicional da voz. O conceito deu nome ao álbum e norteia
a obra de Puppi, que estuda o instrumento desde os 4 anos com uma certeza rara de
que escolheu e foi escolhido pela música. “Brinco dizendo que é esse violoncelo
cheio de histórias quem me toca”.
A vontade de
gravar um disco para chamar de seu é antiga, mas, como uma massa que leva um
certo tempo para crescer, “O Canto da Madeira” acaba de sair do forno – e chega
num ótimo momento na carreira de Federico Puppi. Já estabelecido no Rio de
Janeiro, onde mora desde 2012, quando, fugindo da crise europeia, baixou por
aqui com o cello nas costas, o ragazzo está
em destaque na cena, tocando com o estupendo Caio Prado, além de pertencer à
banda fixa e estelar de Maria Gadú. Juntos, produziram o recente “Guelã” (Som
Livre), indicado ao Grammy Latino como melhor álbum de MPB.
“Sempre tive a
necessidade de fazer o meu som, com as minhas músicas. Esse desejo aumentou nos
últimos anos, quando vi a minha carreira de instrumentista deslanchar”. Federico
Puppi encontrou o seu lugar. Vem gravando com artistas consagrados – destaque
para a sua participação no disco “Magic” (2014), de Sérgio Mendes –,
compositores e músicos famosos – gravou o disco “Dio&Baco”, de Suely
Mesquita e Eugenio Dale, e se apresenta regularmente com o duo – já colocou o
seu instrumento à serviço das contemporâneas Roberta Sá e Anna Ratto (no CD e
DVD “Ao vivo”), por exemplo, e expandiu para outras formas de arte. Atualmente,
está em cartaz com o espetáculo teatral “Consertam-se Imóveis”.
Faixas como
“Solo come um cane” (a única com título em italiano, que significa “Sozinho
como um cão”), “Touareg”, “Blue jeans” e “Dança da chuva” vieram da Itália
dentro do case de Puppi. Outras três foram escritas no Brasil: “Dente de Leão”,
que ele dedica à mulher, a atriz Suzana Nascimento; “Chiara”, feita para a irmã
radicada em Edimburgo, e “Rua São Braz”, uma homenagem ao seu primeiro endereço
carioca, em Todos os Santos. Com todo o simbolismo que pode ter, é a faixa que
abre o disco.
Sobre Gadú, o
violoncelista fala com intimidade e gratidão. “Nos conhecemos numa noite que eu não queria sair de casa, mas acabei
indo parar num sarau no Comuna, em Botafogo. Quando estava no fim, chegaram um
rapaz e uma garota. Eles quiseram tocar e os caras religaram tudo. Eram Dani
Black e Maria Gadú. De repente, me vi no palco com a Maria, sem saber quem era.
Fizemos uns improvisos e a noite terminou muito feliz. Dias depois, ela me
ligou convidando para participar de um show em homenagem ao Cazuza. Aceitei na
hora. Isso foi em setembro de 2013”, rebobina.
A partir daí, a vida seguiu outro rumo e Federico Puppi
foi se aproximando dos músicos que abraçaram a ideia de fazer “O Canto da
Madeira” acontecer. Conheceu Gastão Villeroy (baixo e coprodutor do disco)
e Cesinha (bateria) através da Gadú e, apresentado pelo Gastão, ficou amigo do
Marco Lobo (percussões). O Eugenio Dale (violão de nylon na faixa “Bebum”) também
veio por intermédio do Gastão, sócio no estúdio Pacto com Baco, onde parte do
trabalho foi gravado. Fernando Caneca (guitarra e violão de nylon) já tocava
com a Gadú e logo ficaram amigos. Quando menos esperava, estava formada a banda
que você ouvirá neste lançamento, que já pode ser considerado um dos melhores
álbuns do ano!
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Fernando Leitzke
O pianista gaúcho Fernando Leitzke (pronuncia-se
“Laitisque”) gravou este ano o álbum instrumental “Rios que navego” com apoio
financeiro de mais de 200 amigos e admiradores. Fez o primeiro show de
lançamento na Casa do Choro e está trabalhando para continuar levando esse
repertório para os ouvidos brasileiros. Radicado no Rio de Janeiro há seis
anos, Fernando toca há 12 anos e acredita que esse seja um “disco de
fronteiras” por aproximar a sonoridade do Rio e de Porto Alegre, em sambas,
candombes, choros, um bolero e uma valsa.
“Gravei este disco porque senti a necessidade de
mostrar o meu trabalho mais a fundo, não só como acompanhador, mas também como
arranjador e solista. As composições sempre chegaram de um forma muito natural,
mas refletem momentos como liberdade e tristeza. Escrevi as cinco autorais no
Rio, em apartamentos onde morei no Flamengo e na Tijuca”, conta o músico, que
entremeou os seus temas (“Chaleira quente” e “Pequena folha” são dois deles) com
obras reconhecidas de Pixinguinha (“Mundo melhor”, sem a letra de Vinicius de
Moraes), Tom Jobim (“Descendo o morro”, também sem os versos de Billy Blanco) e
Radamés Gnattali (“Vou andar por aí”).
Esses três compositores representam o que há de melhor
na música brasileira e também foram, de certa forma, responsáveis pela vinda do
pianista à cidade onde moraram e produziram. O nome “Rios que navego” resume
essas influências. Já Rubén Gonzales, pianista cubano, é uma grande referência
no modo de tocar, um exemplo de piano forte com alma. E Rubén Rada, ele
conheceu através de outros músicos gaúchos e se encantou pelo seu repertório de
candombes, ritmo tradicional no Uruguai. Nos choros autorais “Segunda” e
“Radamesiando”, Fernando homenageia, respectivamente, Cristóvão Bastos e, de
novo, o mestre Radamés, a maior inspiração para os pianistas de música
brasileira.
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