quinta-feira, 3 de março de 2011
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Jennifer Lo-Fi - Apresentação e 2 EPs

2 comentários

Uma vez que o surgimento de novas bandas pela Internet tornou-se recorrente, aliado à aproximação de bandas já consagradas a este meio, entrando em contato com um público cada vez mais dinâmico e exigente, a Jennifer Lo-Fi foi além: os integrantes se conheceram na rede. Escolhidos a dedo por Manoel Brasil, produtor conhecido por ter descoberto a cantora Mallu Magalhães, os integrantes da Jennifer Lo-Fi se conheceram já no estúdio, em abril de 2008.

Sabine Holler veio de seu projeto solo, onde gravava músicas acompanhada por seu violão e sua voz doce. Doce, mas também capaz de uma agressividade surpreendente, de modo que a alternância entre a doçura e a agressividade da voz de Sabine se tornaria um dos elementos fundamentais no som da banda.

Filipe “Miu” era o cérebro pensante por trás da Fragile Arm, uma curiosa banda de um homem só, de som tão agradável e elaborado quanto curioso. Enquanto isso, Caio Freitas e Luccas Villela experimentavam novas sonoridades com a [Art].Ficial, inspirados pela sonoridade do post-rock de bandas como Mogwai e Explosions In The Sky.

Uma vez juntos, começaram então a fazer música. Poucos meses após o primeiro encontro, já tinham entrosamento e repertório suficientes para fazer sua estreia em palco, na conhecida casa paulista Funhouse, onde mesclaram o som próprio a covers, da banda de post-rock islandesa Múm à estrela pop Katy Perry. A Jennifer Lo-Fi já dava sinais de que estava pronta para experimentar o quanto fosse necessário a fim de encontrar seu som.

Mostrando seu trabalho semanalmente, através de web-shows, e gravando seu primeiro EP, não demorou para que o trabalho da banda repercutisse na mídia, sendo citados em jornais e blogs de música. Ganharam também patrocínio do projeto Levi’s Music, que possibilitou a gravação de dois videoclipes, para as músicas Michal Caine e F For Fake.

No ano de 2009, Gustavo Santos foi chamado para assumir o baixo na banda, instrumento que era antes revezado entre Caio e Miu. Com a entrada de Gustavo, deram entrada a uma série de shows, que tornariam a banda cada vez mais conhecida no circuito alternativo, e iniciaram, no fim do ano, a gravação de seu segundo EP. Ocupado com projetos pessoais que tornavam difícil sua dedicação à banda, Gustavo Santos se despede da Jennifer Lo-Fi no começo de 2010, deixando a responsabilidade de baixista para William Couto, que entrou já no processo de mixagem do novo EP. Então, em junho de 2010, sai o Summer Sessions EP, lançado oficialmente pelo blog Rock In Press, que o disponibiliza para download. Ao ouvir o EP percebe-se o amadurecimento do som da banda, aliado à sensação de que, após as experimentações ousadas do seu show de estreia, a Jennifer Lo-Fi encontrou sua sonoridade, uma sonoridade que cala aqueles que pensavam que jovens brasileiros não seriam mais capazes de fazer boa música.

Fonte: Myspace

Gênero: Alternative/Indie Rock
País: Brasil

Summer Session

Ano: 2010

Comentário: Meu primeiro contato com a Jennifer Lo-Fi. De cara, admirei as letras e me senti lendo algo escrito pelo Cedric do Mars Volta, apesar de mais sentimental. Sabine Holler, vocalista, escreve-as. Não acredito que só pelo fato dela ser mulher, as músicas transmitam mais emoções; mesmo assim, utilizar-se desse estereótipo de mulher é uma boa forma de ilustrar o motivo. Metáforas e mais metáforas e elementos descritivos que tornam uma leitura confusa, mas agradável, como nadar avidamente para o fundo inexistente de um poço, sem se preocupar com a falta de ar.

Sempre bom encontrar bandas que sabem casar letras com músicas, ainda mais nacionais que escrevem em português, e escrevem bem. No Summer Session, apenas uma música possui letra em inglês: Catarse. No embalo das letras, finalizo com Escafandro:

Sinto que já não se enxugam mais prazeres nítidos, que suspiram rios de sal.
Satisfação de reis só marcam o espelho e te levam ao caos.
Um mergulho em ilusão, percorrendo cílios, não tocam o chão
e te levam ao caos.

Tracklist

01. Instrumental
02. Escafandro
03. Catarse
04. Ataraxia
05. Pedacabo

Link
Download - 320 kbps


Noia

Ano: 2011

Comentário: Um dos melhores lançamentos brasileiros desse ano, sem dúvida. A banda evoluiu bastante, as letras estão ainda melhores, Sabine passou a explorar mais sua voz e o Noia foi produzido pelo saudoso Chuck Hipolitho: talvez daí venha parte da evolução. Aqui, emergem melodias agradabilíssimas que fazem, quem verdadeiramente escuta música, imergir em oscilações. Nada muito diferente de um pêndulo.

Influências suaves e peculiares de Math Rock funcionaram muito bem, contribuindo ainda mais para deixar esse EP pegajoso e interessante. Com ele, Jennifer Lo-Fi mostra que é uma das bandas brasileiras mais promissoras e de perfil único, dependendo apenas de oportunidades para expandir e espalhar sua autenticidade. Tudo isso me faz aguardar por mais releases animantes como esse.

Neveo

E passa por nada mais até se rebaixar. E se pula, é porque não se segura aos pés. Um gancho à pele, que de uma só vez arremessada em alto mar, não cogita se render ao depois; e afunda até de carne a água ficar. Se a cor não me rastrear, me despedaçarei em três, de azul que toma até onde não me visitei. E sai de mim tudo que guardei, por mais de uma vida, porque pensei por três: mim, mim e mim. Pra não me congelar, ela não sabe mais de mim, nem mim. Porque me afundei, não resisti. O mar vai cuidar de mim.

Tracklist

01. Troffea
02. Neveo
03. Ovos
04. Bacon

Link
Download - 320 kbps

2 Responses so far.

  1. Um trabalho sensacional, um post digno.

    A citação de Mars Volta também deve recair sobre a sonoridade, principalmente do segundo release.
    Os pontos fortes já foram destacados por você, Ian, mas cá retirar pequenas partes (já destacadas por você, também), apesar da obra valer mais por sua completude:

    "Satisfação de reis só marcam o espelho e te levam ao caos" ... "E se pula, é porque não se segura aos pés"

    Duas idéias 'simples', lógicas, quase óbvias, mas descritas de uma forma já pouco vista em letras atuais, ou talvez escondidas, como este projeto. Maestria.

    Outra coisa que me chamou a atenção, sem relação, foi o fato do segundo EP ter duas faixas referentes ao café matinal tradicional norte-americano (estereotipado pelo cinema/tv, ou não), assim como no primeiro EP de Naná Rizini, um outro talento promissor, inclusive postado por mim, e que merece ser ouvido.

    http://pignes.blogspot.com/2010/11/nana-rizinni-bacon-eggs.html

    Abs

  2. Iandrade says:

    Sim, exatamente. Não comentei sobre Mars Volta influenciá-los também na sonoridade porque é algo meio óbvio, uma vez que todos da banda são fãs dos caras; sem falar nos nomes das músicas e nos efeitos usados na voz, né. Num momento de Bacon, até parece que quem está tocando a guitarra é o próprio Omar. Fantástico como eles conseguem deixar as influências escancaradas e soar tão originais. Melhoraram muito mesmo no Noia.

    Vou dar uma olhada nessa Naná que você citou, por curiosidade mesmo, além de ser produto nacional.

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