Com um pouquinho de atraso, cá está o guia de tudo que saiu de interessante no mês de Março. E se preparem, tem muita coisa, para todos os gêneros, gostos, sexualidade, religiões, tomates e marcos felicianos.
Retorno de bandas velhas, debut de bandas novas, projetos paralelos, trabalhos solos, realmente foi um mês cheio, e nem vou me alongar porque o post já está bem grande.
Akron/Family - Sub Verses
Psychedelic Folk
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Chelsea Light Moving - Chelsea Light Moving
Noise Rock, Punk Rock
Foi aqui no Brasil, mais especificamente no SWU 2011 que o mundo se despediu do Sonic Youth, uma das bandas mais icônicas e influentes do rock alternativo. Obviamente as atenções sempre se voltam quando surge algo com o envolvimento de algum ex-membro da banda, Thurston continua sendo o mais ativo, atuante em diversos projetos. Chelsea Light Moving mostra um Thurston em sua zona de conforto, no Noise Rock onde fez sua carreira. Não há muita ousadia, soa bem próximo daquilo que o Sonic Youth fez em The Eternal, mas particularmente falando, achei bem interessante a incorporação de riffs bem pesados, talvez influência de uma das empreitadas atuais de Moore, o super grupo de Black Metal, Twilight, do qual ele agora é membro.
Clutch - Earth Rocker
Uma das bandas mais legais da leva de Stoner Rock dos anos 90, o Clutch vem com novo disco 20 anos após seu debut, e mantém uma carreira impecável dentro daquilo que se propõe, rock enérgico, direto, sem firulas. Estupidamente divertido e grudento, Stoner Rock com riffs altamente inspirados e influenciado pelo blues, com lirismo cheio de senso de humor. É aquele tipo de disco pra você deixar a barba e o cabelo crescer, e beber cerveja sem parar, até cerveja quente fica boa acompanhada por Earth Rocker.
Hardcore Punk
Nascido das cinzas da banda australiana de Metalcore "I Killed The Prom Queen", o Deez Nuts (nome retirado da música do Dr. Dre), deixa de lado as influências modernas como as usadas no Metalcore do I Killed The Prom Queen e investem num hardcore com várias referências ao praticado pelas bandas clássicas dos anos 80. Agora em seu terceiro álbum, Bout It, acertam em cheio num disco coeso de hardcore da melhor qualidade. Em tempos onde o gênero anda em baixa, é um disco bem agradável pra quem procura por algo novo e bem feito.
Synthpop, Electropop
São poucas as bandas que alcançam o sucesso, influência e legado que um Depeche Mode conquistou no decorrer de sua carreira, mas é verdade que já faz um certo tempo que a relevância do grupo britânico se perdeu, não que deixaram de ser uma grande banda, ou sequer decadente, mas nada de novo que realmente importe é lançado. Delta Machine mantém essa linha em que o grupo caminha, é um disco razoável, alguns elementos interessante aqui e acolá, mas para por aí. Fãs da banda devem se dividir entre aqueles que vão gostar ou detestar Delta Machine.
Indie Folk, Psychedelic Folk, Chamber Pop
Devendra Banhart fez seu nome nos anos 2000 como uma exótica figura, um tipo de hippie contemporâneo mezzo venezuelano, mezzo americano, virando uma das principais referências naquilo que chamam de "Freak Folk". Em Mala temos mais um bom trabalho do compositor, nada memorável, mas um bom disco, algumas melodias mais puxadas para o indie pop dão um tom mais catchy e acessível, além de alguns flertes com música latina deixam o trabalho mais interessante.
Melodic Death Metal
Após quatro anos, um dos grandes expoentes do Melodic Death Metal volta com seu 13º álbum, mantendo o som poderoso e característico desses 25 anos de carreira. O power trio liderado por Peter Tägtgren faz um trabalho de extrema competência, com destaque para a produção impecável, um instrumental soberbo, além da capa feita por nada mais, nada menos que Wes Benscoter, a maior lenda no assunto "cover art" do Metal. O disco conta com apenas 9 faixas e trás um conceito de Death Melódico diferente de bandas como Children of Bodom e In Flames, com uma sonoridade menos açucarada e mais "old school", nos mostrando canções mais cadenciadas e atmosféricas, este elemento graças ao trampo extremamente bem feito nos teclados.
Atmospheric Sludge Metal, Progressive Metal, Post-Rock
Intronaut quando deu as caras, soava como mais um filhote do Isis, na linhagem de bandas de Sludge Atmosférico, meio progressivo, com altas doses de post-rock que ascenderam nos anos 2000. Obviamente todos esses elementos continuam aqui em Habitual Levitations, mas soando mais leve do que em seus antecessores, com influências que agora remetem ao Tool em certos momentos, bem mais polirrítmico e quebrado que nos álbuns anteriores, menos retos de forma geral, e muito mais atmosféricos.
Justin Timberlake - The 20/20 Experience
Contemporary R&B, Pop
Desde que se livrou do N'Sync, dos cabelinhos de miojo e de Britney Spears, Justin Timberlake apenas ascendeu em sua carreira: disco após disco foi ampliando o seu nicho de ouvintes, conseguindo manter o seu inesgotável apelo pop enquanto flertava com o mundo hipster ao flertar com o RnB. A consolidação disso tudo veio com The 20/20 Experience, no qual ele se sagra de vez como um talentoso cantor e compositor de Soul Music. As faixas de mais de sete minutos demonstram o quanto a experimentalidade vem tomando conta de seu trabalho. Claro que seu apelo pop faz com que advenham muitos radio edit, mas o disco é surpreendentemente agradável - mesmo aos ouvidos desacostumados com a radiofonia.
Metalcore
Quatro anos separam o último disco do Killswitch Engage de Disarm The Descent, desde lá muita coisa mudou. O Metalcore que era o subgênero mais popular do Heavy Metal entrou em total decadência, o vocalista Howard Jones que estampava a cara do Killswitch com seus carismáticos vocais, resolvera sair da banda, para substitui-lo, o grupo fez a única escolha correta que poderia ser feita, chamar Jesse Leach, responsável pelos vocais da banda nos dois primeiros discos (que inclui o excelente Alive or Just Breathing) de volta para o posto. Como resultado, um ótimo disco ganhou vida. Não há nada de novo aqui, é puramente um disco de Metalcore, mas com o padrão de qualidade que uma das bandas mais populares que reinaram durante a década de 2000 pode prover. Essencial para qualquer fã do grupo, mesmo que o gênero já tenha saturado e enjoado.
Black Metal, Hardcore Punk
Kvelertak deu as caras em 2010 ao estrear com seu disco auto-nomeado, com uma linda capa produzida pelas mãos de John Baizley, chamou a atenção com seu rock sujo e visceral. Uma mistura daquele Black Metal produzido na Noruega, terra natal dos caras, com elementos de Hardcore do Black Flag e do Rock and Roll do Motorhead, era música viril, daquele tipo "pra beber e brigar" como mostra bem no clip do single "MJØD". Agora, três anos depois temos Meir, uma continuação mais do que bem feita do trabalho iniciado em "Kvelertak", mas com maiores doses melódicas, passagens cadencias, e faixas maiores do que o padrão hardcore e seus 2~3 minutos de duração.
Blues Rock, Acoustic Rock
Mark Lanegan, que já adora fazer parcerias e colaborações em álbuns de diversos artistas, lança em 2013, Black Pudding, álbum que é uma parceria com o músico inglês Duke Garwood. Lanegan afirmou que é fã de Garwood, e que a sociedade musical iniciada no tour de Blues Funeral é uma das melhores experiências de sua vida. O álbum é predominantemente acústico, com instrumental técnico e profundo. Uma bela combinação com a voz grave de Lanegan.
Alternative Rock, Garage Rock
Uma banda que não tem medo de fazer o que gosta, esse é o Mudhoney. São 25 anos de carreira, de uma banda que viveu o auge do grunge, que fez parte inteiramente dele, membros da Subpop, moradores de Seattle. Hoje, 25 anos depois continuam fazendo o mesmo rock sujo e divertido de 25 anos atrás, quando o Grunge dominava o mundo, e isso não é um problema, é um bom disco, agradável, divertido, por uma banda que faz música porque gosta, simplesmente por isso.
Nu Jazz, Downtempo, Electro-Swing
Marcus Fureder, codinome Parov Stelar é DJ e produtor de origem austríaca, começou nos anos 90, mas foi em 2000 que iniciou este projeto que virou sua alcunha, o Parov Stelar. Numa mistura que passeia por diversas vertentes da música eletrônica, desde as mais lentas como o trip hop e o downtempo chegando as mais velozes como o drum'n'bass, Parov sempre flertou com o Jazz em quase todos os seus trabalhos, fosse sozinho ou com banda, em seu mais recente trabalho como o nome indica, ele está acompanhado de um trio, e mantém esse híbrido entre o jazz e a eletrônica, resultando em músicas interessantes que podem chegar a soar como música de cabaret como em "At the Flamingo Bar", ou um drum'n'bass puramente noventista acompanhado de instrumentos de sopro do Jazz como na faixa titulo do disco.
Britpop, Glam Rock
Depois de 11 anos do lançamento do último álbum, e depois de 3 anos da reunião da banda, a espera acabou. Bloodsports, o novo disco da banda Suede, foi feito com a intenção de assemelhar-se com os bem sucedidos trabalhos antigos. De fato, o disco deve agradar aos fãs, mostrando-se composto por músicas inspiradas e carregadas de emoção. As primeiras críticas foram bem positivas, e o Pignes recomenda.
Thrash Metal, Crossover
Com uma carreira de mais de 30 anos e repleta de altos e baixos, os californianos do Suicidal Tendencies nos presenteiam com um disco de inéditas 13 anos após seu último full-lenght (o nome é bem sugestivo). Responsáveis por revolucionar a música de certa forma e de serem considerados os pais do "Crossover Thrash" ao incorporar tal vertente de metal ao punk e até ao funk. Em 13 temos uma sonoridade que de certa forma remete modernamente aos 80s, dá pra entender? Contando com um único remanescente original, o vocalista e ícone da banda Mike Muir, o grupo consegue fazer um disco impecável instrumentalmente, grooveado, com swing, vocal correto e uma guitarra carregadas de riffs pesados típicos do Thrash, além de um contra-baixo que ficou famoso outrora devido ao Trujillo, e mantém a mesma pegada funkeada. Ótimo disco, uma volta por cima, pra novos e antigos fãs do famigerado Crossover.
East Coast Hip Hop, Abstract Hip Hop
A primeira coisa a se dizer sobre Hark do Doppelgangaz, mas que produção linda. Beats de extremo bom gosto, altamente atmosférico, e uma atmosfera um tanto quanto soturna e melancólica. Uma mistura entre o East Coast Hip Hop do meio dos anos 90, com o Cloud Rap, algumas doses do Boom Bap também dos anos 90, mas ainda envolvido numa aura abstrata. Difícil de descrever, mas é um trabalho de extremo bom gosto, e sólido de forma geral, principalmente ao levar em conta que 2013 ainda não engrenou quando se trata de Hip Hop, tendo apenas esse além do Sadistik como bons destaques do cenário. De qualquer forma, obrigatório para fãs do gênero.
Indie Rock, Indie Pop
Uma banda com má vontade, que é apenas uma sombra do que já foi um dia, esse é o Strokes em Comedown Machine. Se as coisas pareciam ruins em Angles, em Comedown Machine foi ladeira abaixo e são responsáveis por um dos piores discos do ano, triste e estranho isso ter saído de uma banda que fez um já imortalizado clássico dos anos 2000, Is This It. Mas se você gosta de um Indie Rock insonso, de tentativas falhas de inovas, ou de referências piegas aos anos 80, tente, por que não?
West Coast Hip Hop, Hardcore Hip Hop
Depois do sombrio Bastard e do mal educado Goblin, Tyler, the Creator fez criar uma expectativa enorme em torno de seu trabalho, o que aumentou a responsabilidade sobre o pré-concebido Wolf. Planejado para ser lançado no ano passado, o hype em torno do novo disco foi tamanho que decidiu-se por elaborá-lo de forma mais densa, ficando para o mês passado o tão aguardado lançamento. Nele, Tyler parece querer se desvencilhar, aos poucos, da imagem de arruaça incondicionada que seus primeiros trabalhos trouxeram, ao mesmo tempo que não quer que olvidem do seu estilo problemático. As produções surpreendem: o tom sombrio persiste em algumas das canções, mas é perceptível uma influência massiva do Jazz. No final, fica-se com a impressão de que Tyler está no meio do caminho pra algo - ao mesmo tempo que quer se desligar da imagem inconsequente, parece gostar de parte dela, pois algumas das letras do novo disco lembram a irresponsabilidade de Goblin. Mas é nítida a percepção de que esse caminho é o de amadurecimento de um grande artista e, sobretudo, compositor.
Post-Hardcore, Sludge
O novo disco da banda Zozobra é cru, direto e brutal - e bem curto, apenas 15 minutos - com uma pegada muito mais próxima do hardcore do que seus trabalhos anteriores. Mas não abandona o lado ousado e progressivo que garantiu seu diferencial dentro do estilo Post-Metal e se mostra um dos grandes nomes dessa geração mais recente e interessante no Heavy Metal. Destaque para o trabalho visual que está simplesmente lindo.
Só pra comentar a capa com o Sucklord, genial ô/