Gênero: Rock Alternativo, Experimental
País: Estados Unidos
Ano: 1994
Comentário: John Frusciante é, inegavelmente, mais conhecido por seu trabalho na assombrosamente conhecida banda que é o Red Hot Chilli Peppers. Sua fama é merecida; foi parte integral do grupo por mais de uma década, ajudando a compor muitos dos grandes hits dos rapazes californianos. Para Frusciante, assim como para muitos outros músicos, o sucesso infelizmente significou uma entrada no mundo das drogas. No começo dos noventa, o guitarrista já entrava em uma espiral de auto-destruição que afetou seu relacionamento com os colegas de banda.
Contudo, antes de seu ponto mais
alto de dependência química, Frusciante começou a gravar e compor material novo
durante a turnê com sua banda. Esse retrato de sua mente logo antes de entrar
no consumo de heroína - ele disse em entrevista que só durante o lançamento do
disco era um dependente, antes, durante a gravação, ainda não havia começado o
uso - e entorpecida de maconha.
Niandra Lades and Usually just a
T-shirt é seu primeiro disco solo e também é esse retrato. Uma soma de
composições antigas mas que nunca tinham sido trazidas ao RHCP, o disco é
Frusciante em dois momentos diferentes e próximos. De um lado - Niandra Lades -
temos músicas mais 'tradicionais' e de outro - Usually Just a T-Shirt-
divagações mais profundas. Ainda assim, o meio termo, o ponto central do disco
é sem dúvidas experimental. É uma guinada de 180º para com seu trabalho anteriormente
lançado, toda a estética do disco era inovadora em seu estilo, ainda que sua
maneira de tocar guitarra e composições sejam facilmente reconhecíveis.
Usando diversos instrumentos
diferentes - sempre tocados pelo próprio John - que muitas vezes surgem e somem
em apenas uma música, Frusciante acaba se forçando a improvisar. A força
central do disco, toca guitarra e canta em boa parte das músicas, o foco
sonoro, pela primeira vez em sua carreira, passa a ser apenas ele mesmo. Sua voz, não muito afinada,
é marcante, encaixa muito bem com o clima do álbum, que leva pontos altos e
baixos da mente do compositor.
De um lado temos a parte
primeira, mais 'comportada' do álbum, com pontos altos como Mascara e o
inspirado cover de Big Takeover da banda Bad Brains (transformando um clássico
punk numa balada a lá Led Zeppelin) e de outro temos o pedaço mais 'podre' da
fruta, imerso num som bem menos pop e mais denso, com pequenas belezas como
Untitled #4 e #12.
Essa oposição dá o caráter
especial, que é inerente a muitas obras de arte. Frusciante leva a questão para
o lado do involuntário, diferente de bandas como Belle & Sebastian que
formam uma oposição sonora e muitas vezes lírica por construção meticulosa. Os
dois compartilham da mesma busca mas a percorrem pelos meios que lhes convém.
Frusciante ainda retornaria ao
RHCP e lançaria muitos outros discos solos, numa carreira prolífica que
continua na ativa até hoje - seu mais recente trabalho é um EP desse ano de que
vos escrevo - mas tenho a sincera opinião de que nenhum dos seus outros
trabalhos que eu tenha escutado tem essa mesma aura de libertação. Uma
libertação dos seus próprios fantasmas do passado e do presente, e quem sabe
até do seu então futuro.
Tracklist:
1. As can be - 2:56
2. My smile is a rifle - 3:48
3. Head (Beach Arab) - 2:05
4. Big Takeover - 3:18
5. Curtains - 2:30
6. Running away into you - 2:12
7. Mascara - 3:40
8. Been Insane - 1:41
9. Skin Blues - 1:46
10. Your pussy glued to a building on fire - 3:17
11. Blood on my neck from success - 3:09
12. Ten to butter blood vodoo - 1:59
13. Untitled #1 - 0:34
14. Untitled #2 - 4:21
15. Untitled #3 - 1:50
16. Untitled #4 - 1:38
17. Untitled #5 - 1:30
18. Untitled #6 - 1:29
19. Untitled #7 - 1:42
20. Untitled #8 - 7:55
21. Untitled #9 - 7:04
22. Untitled #10 - 0:25
23. Untitled #11 - 1:51
24. Untitled #12 - 5:27
25. Untitled #13 - 1:52
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