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Material promocional |
Financiado pela lei de incentivo à cultura e a Claro, o evento em si propicia aos desmazelados a oportunidade de acesso à cultura de qualidade. Fator este de grande valia. Afinal, num país que cujos ingressos são caríssimos e onde se faz necessária a criação de um vale irrisório de R$ 50,00 para que público possa "fazer parte da cena" é ridículo por demais.
Tudo certo até aqui, mas muito incomoda o comportamento do grande público presente como pude observar no dia 02 de maio quando Thiago Pethit se apresentou. Infelizmente, quem vai à apresentações diversas e, geralmente, gratuitas não presta nenhum respeito ao artista que apresenta o seu trabalho. Aparentemente, o mesmo só está ali para criar a trilha sonora para que eles possam colocar a conversa em dia. O que seria um show, muitas das vezes vira ponto de encontro.
Outro questionamento vale ser ressaltado: do que adianta promover eventos para as massas, se tal informação não chega as mesmas? Bastava um breve olhar para perceber que maioria em si eram jovens de classe média/alta cujo caráter "antenado" fez com que soubesse da apresentação e estivesse ali na dada hora. Que fique claro: nada tenho contra o poder aquisitivo de qualquer um, mas se a lei veio para suprir a demanda popular porquê isto não chega as mesmas? Tal resultado acaba por si só sendo segregador, tais como outras tantas iniciativas governamentais. De certo o artista não é de cunho popular, mas incomoda ver sempre as mesmas rostos em eventos deste porte.
Enfim, após a lavação de roupa suja vamos ao que interessa.
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Material de divulgação do evento |
Contanto com um sexteto afinado e apostando na diversidade, Pethit pincelou pérolas presentes na vasta filmografia do diretor. Após introdução incidental remente à Cidade dos sonhos, a canção título de Veludo Azul fora executada com destreza e delicadeza. Ainda da obra de 1986 veio "In dreams", balada clássica de Roy Orbison. De Wild at heart vieram "Be-bop-a-lulla" de Gene Vincent, "Wicked game" de Chris Isaac e "Love me tender", eternizada na voz de Elvis Presley. De Lost Highway as faixas selecionadas foram "I'm deranged", baticum poderoso de David Bowie e "Insensatez" de Tom Jobim. Para o fim, após breve discurso irônico sobre ter se "vendido" ao governo por aceitar cachê via dinheiro público, Thiago reservou para o bis "Devil in me", única canção própria no set, e uma versão poderosa de "I put a spell on you", de Screamin' Jay Hawkins, também de Lost Highway.
Mas nem só de música de qualidade a apresentação se baseia. Tal como um autêntico performer, Pethit esbanja carisma e interage com a platéia lançando piadas e histórias inúmeras. Somado a isso, a sua teatralidade impressa durante as canções contribui diretamente a interpretação do seu repertório. A sua entrega a cada verso entoado, suas pausas e olhares são reflexos de personagens lynchianos que o cantor incorpora garantindo assim o sucesso de sua homenagem prestada.
Por fim, se valer meramente pelo do sucesso da apresentação é piegas por demais. O público de hoje precisa se reeducar para fazer com que vergonhosa situação visualizada cesse. E somado à isso, também fazer com o acesso irrestrito à cultura seja uma prática vigente. Cabe aos nossos governantes e aos nossos produtores culturais fazerem com que a redoma de vidro seja destroçada e que cada vez mais possamos ver gente de todo tipo em eventos como este.
Kra não sei se tu es da mesma opnião mas aqui nessa roça asfaltada capital de Minas, o grande problema é a falta de comunicação nem mesmo os projetos urbanísticos para a cidade são divulgados, veja a implementação do MOVE quem o utiliza ainda tem duvidas sobre como ele vai funcionar, o que dirá a divulgação de eventos culturais o normal éh sabermos depois do mesmo já ter ocorrido.
Agora qual publico se esperar de em um evento patrocinado por uma empresa de telefonia com o subsidio do estado e pouca ou nenhuma divulgação sobre o evento? Ao meu ver um publico pequeno já pre-estabelecido cujo os interesses são outros que não a diversidade e evento cultural.
Vivenciamos um grande problema nesta cidade e enquanto não houver o exercício de uma política de ideal comum não iremos à lugar nenhum. Andamos à passos cada vez mais lentos do que podemos chamar de noção de democracia. Quando iremos chegar à otimização disso só Deus sabe.