Sexta-Feira, 19/10, a tradicional festa paulistana Chocolate comemoraria seus 10 anos de vida, e para isso reuniram um lineup primoroso de DJs em comemoração a festa que aconteceu no belo Cine Joia.
Dubstrong, Nuts e Tamempi foram os brasileiros convidados a tocar e recepcionar o grande nome da noite, o excelente DJ Shadow. Apenas para contextualizar, Shadow ou Josh Davis nasceu na Califórnia e começou sua carreira como DJ em uma rádio comunitária, além de discotecar casualmente para festas, isso ocorreu até sua carreira alavancar com o lançamento do Endtroducing... de 1996, o primeiro álbum a ser feito completamente por samples, e o mais incrível, um álbum que fora inteiramente montado em cima de recortes e colagens é uma obra prima, não é nada difícil encontrar ele entre os melhores álbuns de todos os tempos de listas que procurem fugir do óbvio.
Um produtor de mãos cheias, DJ Shadow já passeou por diversos gêneros, e foi com base nisso que o próprio abriu seu show avisando que ali faria um DJ Set, e estava muito feliz por isso, ele começou sua carreira assim, influenciado por gente como Afrika Bambaata que sempre foi um grupo um tanto quanto mente aberta, e assim ele também diz ser, por isso tocaria de tudo, desde sons novos aos antigos, sem restrição alguma, tudo aquilo que a ele agradava, e assim foi.
Antes da apresentação eu realmente não fazia ideia do que esperar da performance do Shadow, visto que em sua variada discografia é possível encontrar desde samples de Jazz e Soul à Trip-Hop em suas composições, além de diversas outras produções eletrônicas criadas em parceria com outros artistas para gêneros diversos.
A abertura veio com uma faixa quebrada, meio IDM, graves fortes, quase impossível de dançar ou qualquer coisa, porém, aos poucos as coisas se tornaram mais amenas (ou caóticas, depende do ponto de vista) e tudo caminhou pra uma pegada mais dançante e divertida. Mr. Josh fazia suas mixagens na hora, abusava de samples diversos, tocava bateria eletrônica, mandava scratchs, passeava entre o maximal e o minimal, mostrando que tem total propriedade para isso com suas misturas e escolhas um tanto quanto sofisticadas.
Não diria que foi decepcionante, mas confesso que incomodou levemente o fato dele ter aberto mão de boa parte das suas criações clássicas como faixas do seu Endtroducing ou Private Press, mas ainda assim tudo o que ele mandou na hora foi excelente, usando desde Mulheres Vulgares do Racionais como base, até o tema dos Simpsons, Shadow passou por Reggae, flertes com o dubstep e o tão banalizado wobble bass, até ao drum'n'bass, além de claro o hip hop que é sua marca registrada.
Um dos grandes momentos veio quando anunciou que tocaria Organ Donor, composição dele próprio que fez todo o público presente no Joia (que estava relativamente cheio) pular, afinal, todos estavam ali para ver este mito do hip hop e da música eletrônica como um todo.
Despejando belezuras por cerca de 1:30h, Shadow provavelmente deixou a maioria dos presentes satisfeitos, botando todo mundo pra dançar em suas criações instantâneas nada ortodoxas, mas ainda assim extremamente empolgantes.
*Fotos por Rodolfo Yuzo
Muito bom! Endtroducing com certeza é um dos melhores álbuns de Hip Hop instrumental q eu já ouvi, o cara é um mestre mesmo, tanto é que influenciou o trabalho do Thom Yorke no Radiohead!
Só falta postarem a discografia dele pro pessoal q não conhece poder prestigiar!