terça-feira, 5 de março de 2013
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Drops de Bacon #10 - Fevereiro de 2013

1 comentários

Janeiro já havia sido um bom mês para a música, recheado de discos capazes de agradar fãs dos mais distintos gêneros e gostos, mas é fato que nada bombástico veio a tona. Pois é, em fevereiro a coisa já muda de figura com lançamentos de enorme peso. O carro chefe é claro, foi o novo disco do My Bloody Valentine, um dos álbuns mais aguardados de todos os tempos após longos 22 anos de espera desde seu antecessor, mas o mês não se resume só a isso, afinal, no ultimo dia do mês o retorno de David Bowie a música viu a luz do dia. Ainda temos a super banda de Thom Yorke e Flea, o Atoms for Peace, Nick Cave & The Bad Seeds com um lindo disco, Johnny Marr, o eterno guitarrista do Smiths debutando com trabalho solo, Sadistik representando o hip hop com um disco dificilmente será batido ao longo do ano, além de nomes fortes da cena indie como Phoenix, Kate Nash e Black Rebel Motorcycle Club, porradas de lendas do Death Metal como Suffocation e Soilwork, e também trabalhos mais experimentais como o novo do The Flaming Lips, e o IDM do Autechre.

Aproveitem, deixe todos os discos a serem ouvidos em dia porque Março já ta rolando.


Atoms for Peace - Amok
Glitch Pop, Electronic, Experimental

Thom Yorke resolveu montar um projeto, despretensioso, convidou alguns amigos para se unirem e gravarem algumas músicas, esses amigos foram Flea (Red Hot Chili Peppers), Nigel Godrich (Produtor do Radiohead), Joey Waronker (R.E.M) e o percursionista brasileiro Mauro Refosco. Obviamente por ter o nome de Yorke envolvido, se espera algo inovador, desconcertante, "mindfuck" até, e claro, com as contribuições específicas dos dotes marcantes de cada um dos outros integrantes, como o talvez o funkeado baixo de Flea. Na verdade estes elementos ficam bem escondidos, Amok soa mais como uma parte 2 do disco solo gravado por Thom, The Eraser. A semelhança entre ambos os projetos é óbvia, por mais que Atoms For Peace realmente soe descontraído.





Autechre - Exai
IDM, Glitch

Autechre surgiu no começo dos anos 90, e ao lado de nomes como Aphex Twin e Squarepusher, se consolidou como um dos grandes representantes daquilo que viria ser conhecido como IDM, ou, "intelligent dance music", um gênero marcado por suas estruturas extremamente complexas e quebradas. Depois de uma fase mais voltada ao Ambient, Sean Booth e Rob Brown retornam mais as raízes do que faziam, algo próximo de um Techno Avant-Garde, cheio de glitchs, drones, melodias desestruturadas, bem interessante. Mas pecam ao tornar o disco um tanto quanto inacessível, visto que são quase duas horas de música eletrônica complexa e de difícil digestão.





Black Rebel Motorcycle Club - Specter at the Feast (2013)
Indie Rock, Garage Rock

O Black Rebel Motorcycle Club surgiu no final dos anos 90, e por muito sempre foi associada a cena Indie Rock americana, mas ao contrário da grande maioria das bandas que possuem uma vibe festiva e animada, eles caminham no sentido contrário. O Power Trio garageiro investe em influências que passeiam pelo shoegaze e noise, que contribuem para uma aura sombria, ainda mais quando levamos em conta o tom niilista de suas letras. Specter at the Feast não apresenta nada de novo na sonoridade do BRMC, mas garantidamente agrada qualquer fã do grupo, além de manter todo o charme de soar como uma banda que toca em lanchonete de beira da estrada.






Coheed and Cambria - The Afterman: Descension
Alternative Rock, Progressive Rock

Mais um disco conceitual de toda a saga do Coheed and Cambria, a continuação direta de "The Afterman: Ascension", que fora lançado em 2012. Coheed ainda investe na sua formula que vem dando certo desde o início da banda, uma mistura direta entre o rock progressivo e elementos de emo, post-hardcore e rock alternativo. Por vezes soa pretensioso e épico demais para a sonoridade bem pop e acessível que carregam, mas ainda assim algumas músicas possuem um poder "catchy" bem grande e o disco pode ser divertido e agradável de ouvir. 









Darkthrone - The Underground Resistance
Heavy Metal, Speed Metal, Black Metal

Darkthrone marca sua presença como uma das bandas seminais e mais presentes da geração clássica do Black Metal norueguês. Foram discos como "A Blaze in the Northern Sky" e "Transilvanian Hunger" que os tornaram clássicos, mas com o passar do tempo, Fenriz passou a flertar com outros gêneros como o Crust Punk que marcava fortemente seus últimos trabalhos. Vindo dessa linha, The Underground Resistance surpreende de cara, com influências do heavy metal setentista enorme, soa como uma mistura entre Judas Priest e Venom em suas melhores fases, mas ainda com certos elementos de Black Metal que agraciam o disco com uma leve rispidez, ainda que seja o disco mais leve da carreira do Darkthrone. O que posso dizer é, o resultado final ficou divertido.



David Bowie - The Next Day
Art Rock, Art Pop

Exatamente uma década separa The Next Day de Reality, o último disco de estúdio de Bowie até então. Um Bowie que chegara a anunciar aposentadoria nesse intervalo de tempo, de supetão surgiu dizendo que estava de volta, o mundo mal poderia esperar por mais um disco do camaleão. É fato que nessa altura do campeonato, não podemos nem devemos cobrar um disco tão glorioso e relevante como um Ziggy Stardust ou Low, mas sim, podemos cobrar algo bem feito e de  alta qualidade, e é isso que Bowie nos entrega. Um disco Pop do tipo que faz falta por aí, fácil de digerir e agradável de ouvir, se perde um pouco na breguice de baladas como "Where are we now?" que soa como música de churrascaria, mas não é o suficiente para diminuir o brilho de The Next Day. 







How To Destroy Angels - Welcome Oblivion
Glitch Pop, Electro-Industrial, Downtempo

Já nos últimos tempos de sua carreira no Nine Inch Nails, Trent Reznor começava a dar indícios por qual caminho sentia vontade de seguir. Foi em Ghosts I-IV que ele deu as caras com produções eletrônicas minimalistas e atmosféricas, fortemente baseada em gêneros como o Downtempo e o Glitch. Mesmo com o fim do NIN, ele seguiu a linha com suas composições para as trilhas sonoras dos filmes A Social Network (Que rendeu um Oscar) e também para o suspense The Girl with the Dragon Tattoo com seu parceiro Atticus Ross. Em How To Destroy Angels continuamos nisso, produções eletrônicas de tom levemente obscuro, muito baseadas no que há de mais recente em suas vertentes, e com a adição dos vocais de sua esposa Mariqueen. 







Johnny Marr - The Messenger
Indie Rock, Alternative Rock

O lendário guitarrista do Smiths, o polo oposto de Morrissey finalmente fez seu debut como artista solo, ele que ao longo dos anos fora pulando de galho em galho, participando de bandas como Modest Mouse e The Cribs, finalmente se estabeleceu e lançou um disco de canções próprias, que obviamente não é nada demais, mas acerta em cheio para agradar os fãs de rock britânico. Temos claros elementos que vigoram do post-punk que ele ajudou a disseminar pelo mundo nos anos 80 aos claros elementos de britpop puxados de bandas como o Oasis, e até elementos que remetem a geração mais atual do indie rock pertencente aos anos 2000. Um disco ok, que deve saciar os desejos daqueles maniacos por Smiths. 





Misfits - Dea.d. Alive!
Horror Punk, Punk Rock

Não está errado quem diz que há tempos (desde a saída de Michale Graves), Jerry Only deveria ter assumido sua carreira solo, já que de fato, o Misfits morreu. No alto de seus 53 anos, Only insiste em manter a carreira de sua banda viva, se por amor ou dinheiro, ninguém sabe, mas o que temos aqui é apenas uma banda cover do que o Misfits foi. Mas ainda assim tem relevância, Misfits superou o patamar de banda e virou um ícone pop e acaba de lançar um disco ao vivo, com um tracklist que engloba dos tempos de Danzig, até o mais recente disco, The Devil's Rain. 








My Bloody Valentine - m b v 
Shoegaze, Dream Pop, Noise Pop

Foram 22 anos de espera, tempo o suficiente para tornar o sucessor do clássico cult Loveless um dos álbuns mais aguardados de todos os tempos. No dia 2 de fevereiro, quando a própria pagina oficial da banda anunciou que o álbum estava disponível em seu site oficial, a histeria foi coletiva, foi tamanha a ponto  o site ficar fora do ar até o dia seguinte tamanha a quantidade de acessos. Muitos amaram, muitos se decepcionaram, o que temos aqui na verdade é uma provável coletânea de faixas que Kevin Shields compôs ao longo dos anos, é fato que não há uma fluidez no disco, mas individualmente cada música não deixa de ser muito boa. Pode se dizer que o disco se divide em duas partes distintas, a primeira metade soa como uma continuação direta de Loveless, shoegaze do mais puro possível, para em sequencia, a segunda metade encabeçada por New You a mais pop que remete a cena Madchester, abrir espaço para as mais experimentais da carreira; a instrumental Nothing Is, um noise que chega a lembrar o Death From Above, e o encerramento catártico com Wonder 2, que tem sua base montada em batidas de drum'n'bass recheada de camadas e mais camadas de barulho, muito barulho.







Nails - Abandon All Life
Grindcore, Powerviolence

Mesmo sendo uma banda essencialmente de grindcore, o Nails como integrante do selo Southern Lord (mesmo do Sunn O)))) tem um "q" a mais, uma vibe cult engrunhada em toda a brutalidade que despejam em nossos ouvidos por cerca de 15 minutos. Sim, apenas 15 minutos e nada mais, e é mais do que o suficiente pra nos deixar completamente desnorteados com tanta brutalidade. O Nails que em Abandon All Life inclui uma boa gama de detalhes que deixa o som bem diversificado, desde a velocidade e rispidez do Crust Punk, passando pelo Sludge e com boas doses de Death Metal Old School que tornam o som mais cadenciado. Muito provavelmente o disco de grindcore do ano.





Nick Cave and The Bad Seeds - Push The Sky Away
Art Rock, Chamber Pop

Nick Cave juntamente de seus Bad Seeds são responsáveis por uma carreira extremamente sólida e prolífica que já dura mais de 30 anos, e nessa altura do campeonato, a cada novo álbum anunciado, muito se espera, e mais uma vez, Nick cumpre com louvor as expectativas em torno de suas sementes. Push The Sky Away surge como talvez o álbum mais leve e lento de toda sua discografia, um bocado melancólico, temos Nick recitando suas obscuras histórias, com seus companheiros de banda dando o tom ao criar perfeitos acompanhamentos instrumentais para cada uma das 9 faixas do disco.






Phoenix - Bankrupt!
Indie Pop, Synth Pop

Ainda tentando entender o motivo do Phoenix ser headliner das edições do Coachella e do Primavera Festival de 2013 (dois dos mais influentes festivais no mundo), pode ser maldoso da minha parte acreditar que a resposta seja $$$, mas é a unica que encontro. Mesmo que seu Wolfgang Amadeus Phoenix tenha sido um disco pop relativamente bem sucedido, seu sucessor Bankrupt! sequer havia sido lançado e seu nome já estava marcando presença por aí. E bom, agora temos Bankrupt! em mãos, é um disco mais fraco que seu anterior que já era medíocre, mas ainda assim, algum single com seus sintetizadores alegres devem marcar presença nas festinhas indies pelo resto do ano. 







Rotting Christ - Kata Ton Daimona Eaytoy
Melodic Black Metal

Sempre considerei o Rotting Christ uma das bandas mais interessantes do Black Metal, também uma das mais inteligentes. Na mesma época em que o Black Metal norueguês despontava pelo norte da Europa, na nada tradicional noruega, o Rotting Christ liderado por Sakis surgia, com suas influências que iam do grindcore ao gótico, até se encontrarem na sonoridade conhecida como Melodic Black Metal, mas que vai muito além disso, cheio de experimentações, toques sinfônicos temáticas extremamente interessantes resgatadas da história riquíssima que a Grécia possuí. Kata Ton Daimona Eaytoy é mais um disco extremamente coeso na discografia do trio grego, que combina perfeitamente peso, melodia e toques épicos.






Sadistik - Flowers for my Father
Abstract Hip Hop, Conscious Hip Hop

Pessoalmente um artista que eu tenho muita estima. Sadistik fora um dos responsáveis por me fazer gostar de Hip Hop, e também é um cara com o qual me identifico muito, principalmente por suas letras. Nesse caráter pessoal, Flowers for my Father veio como um dos álbuns mais esperados de 2013, e chegou a superar minhas expectativas. Letras densas e altamente emocionais, produção a cargo de excelentes nomes como Blue Sky Black Death, além de participações especiais de caras altamente promissores da cena underground americana como Deacon (CunninLynguists), Astronautalis e Cage. Sadistik mantém toda a pegada melancólica e depressiva de seu primeiro álbum, The Balancing Act, e aqui em Flowers for my Father simplesmente soa como uma evolução direta daquilo que já vinha fazendo, trazendo desde rimas  extremamente rápidas como em Snow White à refrões melódicos e pegajosos como os de Roussian Roulette. 







Shai Hulud - Reach Beyond The Sun
Metalcore, Hardcore Punk

Shai Hulud é uma banda americana que é tida como uma das pioneiras do Metalcore, mas não como se entende o estilo hoje em dia, melódico e cheio de refrões grudentos; aqui existe uma mescla da violência do hardcore com o peso do Metal de forma bem mais simbiótica e crua. Reach Beyond The Sun é o mais recente álbum dos caras de uma discografia que conta com somente álbuns incríveis, e consegue a façanha de tranquilamente ser um dos melhores dentre eles. Os vocais continuam transbordando emoção e raiva, enquanto o instrumental é totalmente desprendido de clichês com riffs extremamente grudentos e cativantes. Ouvir o disco e não berrar junto é quase impossível.






Soilwork - The Living Infinite
Melodic Death Metal

Em tempos onde o Melodic Death Metal se encontra totalmente saturado (na verdade isso já ocorre há uns bons anos), eu particularmente não esperava muito do novo trabalho do Soilwork, mesmo sendo um grande fã da banda em seus tempos áureos, e a desconfiança aumentou ainda mais com a saída do guitarrista Peter Wichers. Mas passando por cima de tudo isso, The Living Infinite aparece como um álbum duplo, são 20 excelentes faixas, sem fillers, misturando o melhor que se pode ter de momentos extremos que contrastam com excelentes passagens melódicas. Realmente me surpreende o fato dos suecos conseguirem encontrar um jeito de fazer essa formula tão batida e enjoativa nos dias de hoje, funcionar tão bem. 



Suffocation - Pinnacle of Bedlam
Technical Death Metal

Os reis do Death Metal nova iorquino estão de volta para mais uma sessão de brutalidade sem precedentes.  O oitavo disco de uma longeva carreira que completa 25 anos de idade e oito discos lançados, além do poder de se gabar por nunca terem errado a mão, temos um Suffocation que mostra mais uma vez o porque de serem considerados um dos maiores nomes do gênero. Extremamente técnico e virtuoso como não poderia deixar de ser, aliado ao potencial de chegar no som mais extremo possível, esse é o Suffocation com suas estruturas complexas e intrincadas juntamente de uma ótima produção que nos traz a possibilidade de ouvir todos os instrumentos claramente. E para aqueles que ficaram receosos com a saída do baterista Mike Smith, podem ficar sossegado, Dave Culross voltou e continua dando conta do recado





Suuns - Images du Futur
Indie Rock, Post-Punk

Por vezes eu fico mais curioso para o segundo disco de uma banda do que o seu debut, esse é o caso do Suuns. Três anos atrás o quarteto canadense surgiu com seu Zeroes QC, com uma sonoridade interessante, diferente do que estamos acostumados por bandas rotuladas com as tags "Indie Rock" e "Post-Punk", cheia de experimentações delicadas e bem feitas, e o trabalho continua igualmente bem feito em Images du Futur. Por ora dançante, cheio de camadas e mais camadas sonoras, de atmosfera hipnótica e envolvente, Suuns é uma daquelas bandas que prometem e tem enorme potencial pra deslanchar por ser dona de uma sonoridade acessível mas também original e bem feita. 






The Flaming Lips - The Terror
Neo-Psychedelia, Dream Pop, Experimental

Não é novidade alguma que o Flaming Lips é uma das bandas mais estranhas e ao mesmo tempo prolíficas do rock há um bom tempo, é uma discografia enorme com investidas diversas, muitas delas um tanto quanto pretensiosas e que por vezes os ótimo músicos do trio acabam se perdendo em suas próprias loucuras. Os americanos vem de um álbum não muito coeso lançado em 2012, mas chegam agora em 2013 acertando a mão com The Terror, um disco extremamente psicodélico, experimental e barulhento e que por todo o tempo é envolvido por uma atmosfera que remete bastante ao Dream Pop. É interessante notar a quantidade de gêneros que passeiam por essa mistura noise psicodélica, cheia de momentos de "wall of sound", camadas de barulhos eletrônicos e estruturas hipnóticas.



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One Response so far.

  1. Emanuel says:

    O Flowers for my Father ficou perfeito, e os do Shai Hulud e do Nails também.

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